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Atrás de respostas para domar as finanças

Vilma Pavani A brutalidade com que a crise financeira atingiu rapidamente o mundo deixou apreensivos e confusos investidores de todos os portes. A volatilidade das bolsas, a alta do dólar, o crédito escasso, as indefinições que pairam sobre a saúde das empresas e instituições financeiras geram perguntas de respostas difíceis. A principal delas é o que fazer com relação às aplicações. Isso é ainda pior no caso do investidor de pequeno porte ou iniciante, com pouco conhecimento do assunto. Até recentemente, o interesse desse público era por informações sobre o funcionamento dos diferentes mercados e aplicações, o que levou a um grande crescimento de publicações que tratam do tema. Agora, a prioridade é entender os fatos, riscos e vantagens dos diversos investimentos. "A crise é mais uma razão para as pessoas buscarem informação especializada", diz Caroline Rothmuller, diretora do segmento de Educação & Referência da editora Campus-Elsevier, que vem apostando firme na área desde 2001, com o sucesso do livro Pai Rico, Pai Pobre, de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter. A publicação é um apanhado de dicas de disciplina financeira, que deu origem a uma coleção do mesmo nome. A Elsevier também lançou aqui A Era da Turbulência, de Alan Greenspan, o todo-poderoso presidente do Fed (o banco central norte-americano) durante 20 anos, até 2006. Após a eclosão da crise, Greenspan entrou para o rol dos criticados como um dos responsáveis pela atual situação, por conta de políticas equivocadas, como a injeção de liquidez na economia na hora errada. Convocado a se explicar nos EUA, Greenspan escreveu um novo final para o livro, que tem grande procura no exterior e será lançado no Brasil nos próximos dias. "Estamos apostando em vendas altas também aqui", diz Caroline. Interesse crescente Carlo Carrenho, publisher da Thomas Nelson Brasil, que editou um dos best-sellers pré-crise (Investimentos Inteligentes, de Gustavo Cerbasi), concorda que a tendência é aumentar ainda mais o interesse por livros ligados à educação financeira. "Talvez não tanto por livros específicos sobre ações ou de caráter técnico, mas por obras que ensinem a desenvolver atitude e postura corretas para investir", diz ele. Autores que souberem tratar o tema dos investimentos de maneira mais ampla, humana e realista para o leitor comum certamente ganharão destaque, diz Carrenho. Segundo ele, a editora já está conversando com Cerbasi sobre um novo lançamento para 2009. A procura por obras com conceitos mais amplos sobre a relação com o dinheiro é também uma aposta de Tomás Pereira, um dos editores da Sextante, que emplacou boas vendas com Os Segredos da Mente Milionária, de T. Harv Eker. "É possível que haja algum esfriamento momentâneo de vendas, até que o público compreenda melhor os acontecimentos, mas, uma vez iniciado, o caminho da educação financeira é uma trilha sem volta e os leitores certamente buscarão mais conhecimento para lidar com o dinheiro e planejar sua vida", afirma. Para ele, a possibilidade de uma queda nos juros, por exemplo, levará os investidores a procurar alternativas à renda fixa, atual porto seguro. "Para isso, terão de conhecer as perspectivas de outras aplicações e os livros podem ajudar nisso." Mercado Nos últimos cinco anos, as editoras que publicam livros sobre finanças pessoais no Brasil viram o segmento crescer enormemente, estimulado pela estabilidade monetária, o que levou as pessoas a pensar mais no futuro. Os livros bem sucedidos são os que seguem o modelo americano de "soft business", ou seja, conseguem passar para o público, em linguagem atraente, conceitos complexos de economia e administração. O sucesso contemplou tanto títulos de autores estrangeiros, como O Monge e o Executivo, do americano James Hunter (cuja tiragem superou 1,5 milhão de exemplares), como de escritores nacionais, caso de Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, do economista Gustavo Cerbasi. Esse último, só em 2007, ano do lançamento pela Editora Gente, vendeu quase 350 mil exemplares. Vale lembrar que, no Brasil, vender acima de 10 mil exemplares é um bom desempenho. Líder nesse espaço, a editora Campus-Elsevier deu nova tacada recentemente, com o lançamento da Coleção Expo Money, que vendeu 96 mil exemplares em um ano. Nascida do que é considerado o maior evento de educação financeira e de investimentos da América Latina, a coleção tem 15 títulos. "Nosso público-alvo vai desde o iniciante em finanças até os profissionais, atingindo principalmente leitores na faixa de 25 a 45 anos", afirma Caroline Rothmuller. No bojo da crise É dado como certo que muitos novos livros surgirão no bojo da crise, seja para explicá-la, para ajudar os investidores a navegar com um pouco mais de conhecimento nesse mar turbulento ou ainda apontar rumos a médio e longo prazos. Enquanto isso, é possível ler o que já existe sobre situações de turbulência e entender o funcionamento da economia globalizada. Por exemplo, os altos e baixos da Bolsa de Valores exigem cautela dos investidores pouco familiarizados com o mercado acionário mas, segundo analistas, também significam oportunidade de comprar ações a preços baixos. Internautas que dominam o inglês podem contar com um livro eletrônico grátis, chamado Winners & Losers in a Troubled Economy, escrito por Richard Sedley and Martyn Perks para a agência digital Scape. Segundo o livro, uma reviravolta econômica criará vencedores e perdedores, sendo que os vencedores serão aqueles cujas práticas de negócios fazem melhor uso de mídias digitais e que mais engajam os seus consumidores. O livro aponta ainda que a ameaça da instabilidade econômica apresenta uma série de questões como: devemos continuar como antes, valendo-nos de práticas de negócios "imutáveis"? Devemos apertar os nossos cintos? O e-book pode ser acessado no endereço www.winners-and-losers-in-a-troubled-economy.com .
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